domingo, 27 de dezembro de 2009

Feliz 2010!

Que em 2010 o ar seja mais limpo, o céu mais azul, as árvores mais belas e as pessoas mais respeitosas e amáveis. Que 2010 venha... E seja um grande ano!






domingo, 13 de dezembro de 2009

O silêncio dos amantes, de Lya Luft


No post passado escrevi sobre um dos melhores filmes que vi este ano, neste post, escrevo sobre um livro que, com toda certeza, merece ser lido.

Apesar de já “conhecer” Lya Luft por meio de seus artigos, este foi o primeiro livro dela que li.

A leitura é fácil, mas o livro não é para qualquer momento, se é que me entendem. Algo me lembrou um pouco o jeito de Clarice Lispector, não sei se foi a escrita, mais provável que tenha sido a reação que me causou.

O livro, que conta com 159 páginas, foi lançado em 2008 e é composto por 20 contos, que se aproximam pela temática: conflitos familiares, incompreensão, mágoas que nunca nos deixam... Tudo isso agravado (e até mesmo causado) pela falta de comunicação e de sinceridade entre as pessoas que se amam.

A impressão que tive é de que há uma certa progressão entre os contos... Algumas das histórias versam sobre pequenas coisas não ditas, vontades não compreendidas, sentimentos não compartilhados pelo amante (em sentido amplo), coisas insignificantes e invisíveis para a outra pessoa, mas de grande valor para quem as vivencia.

Na medida em que avançamos na leitura dos contos, os personagens passam a calar coisas maiores, um par de asas que nasceu em um, uma ou outra coisa estranha que o outro viu. Como se a autora quisesse nos mostrar que, com o tempo, até mesmo o inimaginável, o extraordinário, aquilo que nunca esconderíamos de quem amamos, torna-se segredo, secreto.

Não importa qual a dimensão do que foi ocultado, no final há a solidão e a liberdade, que vem nas mais diferentes formas, mas nunca sem que aquela pessoa, para a qual não foi dada a oportunidade de saber, sofra.

Perde-se a intimidade, a vontade de compartilhar com o outro o que somos (o que não significa abrir mão da nossa individualidade), silenciamos em nós tudo o que sentimos e passamos. O silêncio, uma vez permitido, cresce.

"Sem que eu soubesse, as coisas não ditas haviam crescido como cogumelos venenosos nas paredes do silêncio, enquanto ele ficava acordado na cama, fitando o teto, com o branco dos olhos reluzindo na penumbra.
Se eu interrogava, o que você tem amor? Ele respondia que não era nada, estava pensando no trabalho. A gente sabia que era mentira, ele sabia que eu sabia, mas nenhum de nós rompeu aquele acordo sem palavras.
Nunca imaginei o mal que o roía."

"Porque em tantos anos, tantos acomodamentos, tantas pequenas brigas e tantas descobertas em comum, os filhos, as férias, as doenças e as alegrias, e as contas a pagar, a gente nunca falou no mais importante - que eu agora não tenho mais como saber."

(Trechos do livro "O Silêncio dos Amantes", de Lya Luft)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Minha vida

Estreado por Nicole Kidman (Gail Jones) e Michael Keaton (Bob Jones), em 1993, este é, sem dúvidas, um dos mais belos filmes a que assisti este ano.

Bob Jones é um bem sucedido empresário que tem sua vida mudada ao descobrir duas coisas: a de que sua esposa, Gail, está grávida; e a de que ele tem câncer nos rins, o que reduziu (e muito) seu tempo de vida.

Diante da notícia de que provavelmente irá morrer antes do nascimento do bebê, Bob começa a fazer gravações sobre sua vida e diversos outros assuntos: é a sua maneira de estar presente na vida do filho.

É um drama, como li por aí, “feito para chorar”. Mas é muito mais do que só isso, é um filme simples, mas tocante, que nos leva a refletir sobre a fragilidade humana, sobre o que fazemos enquanto ainda podemos fazer algo, sobre o tipo de relações que estabelecemos com as pessoas... Sobre como tudo pode se acabar de uma hora para outra e não há muito o que se fazer, a não ser buscar a felicidade, nossa e a de quem amamos, enquanto ainda se pode. No final das contas, é tudo o que importa. E é essa constatação, e a de como tantas vezes nos esquecemos de tudo isso, que nos leva às lágrimas.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Uma adulta bem infantil - Rani Ghazzaoui

"E olhando em volta de mim eu tenho que dizer que não poderia ser melhor. De todos os perrengues, de todas as lutas — internas e externas –, de todos os corações partidos e vontades agudas depositadas em caixinhas com fita de cetim; eu acabei por sair ilesa. Acabei me tornando alguém muito mais cética, mas ao mesmo tempo mais pé no chão e bem mais madura.

Eu descobri, de verdade, que a vida feita de 'se' não era a vida que ia me fazer feliz. Descobri que muitas pessoas chegam, mas que a maioria delas vai embora e não há muito o que se fazer a não ser dizer adeus. Descobri que não há bem maior do que o amor, principalmente o próprio. Descobri que ninguém, nunca, vai ser altruísta a ponto de deixar de ser feliz para que você seja feliz, e que ser feliz é muito relativo; portanto as pessoas que mostram ser felizes demais e o tempo todo são, na verdade, as mais tristes de todas.

Aos vinte a madrugada já perdeu um pouco a graça e começou a dar uma vontadezinha besta de aproveitar mais o dia. Aos vinte a criança foi embora e veio chegando um sentimento meio tia. Aos vinte se festa, se estuda, se trabalha — tudo isso sem tanta disposição e inocência, mas com muito mais glamour. Eu que fui uma criança prodígio em muitos aspectos fico muito feliz de saber que cheguei aos vinte sendo, em muitos momentos, uma adulta bem infantil.

A vida passa cheia de coisas na nossa frente e a gente cresce achando que a felicidade é um plano longínquo e futurista, quando na verdade a graça toda da história é a felicidade ser fugaz.

E eu cheguei aos vinte assim, toda cheia de tristeza quando me coube sofrer, mas transbordando de alegria quando o negócio era ser feliz..”

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yalom


"Talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. Gênio é quando um atirador atinge um alvo que os outros não vêem." (Schopenhauer)


Julius Hertzfeld, um terapeuta de renome, é surpreendido com o diagnóstico de um melanoma, um câncer maligno que reduz seu tempo de vida e o leva a fazer um balanço de tudo o que viveu e de seu trabalho: terá ele realmente feito alguma diferença na vida das pessoas? Guiado por essa indagação Julius procura um antigo paciente, Philip Slate, seu maior fracasso, para saber como ele estava descobrir se, quem sabe, após tantos anos o tratamento surtira algum efeito.

Para sua surpresa, Julius encontra Slate bem e curado, não por ele, mas pela filosofia de Artur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX.

A narrativa se desenvolve de maneira tal que Philip acaba integrando o grupo de terapia dirigido por Julius. A partir disso passamos a conhecer a realidade de cada integrante do grupo, seus medos, fraquezas e alegrias.

A cada capítulo que dá sequência à narrativa da terapia em grupo, segue-se um sobre a vida e a obra de Schopenhauer, pano de fundo da história principal. Ademais, ao início de cada capítulo há um aforismo de Schopenhauer, que demonstra de forma inequívoca seus princípios. É uma interessante forma de familiarizar o leitor com os ideais do filósofo e despertar uma maior curiosidade acerca de seus (polêmicos) pensamentos.

Neste romance de Irvin D. Yalom (autor de Quando Nietzsche chorou) somos levamos a refletir sobre questões morais e existenciais e colocados frente a frente com o doloroso processo de autoconhecimento pelo qual todos nós passamos (ou temos que passar) algum dia. Tudo isso perpassado (e acentuado) pela filosofia de Schopenhauer. Poderia ter sido muito para um livro só, mas a maneira como foi escrito faz com que não tenhamos vontade de parar de ler.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Será que você não tem outro sonho por aí, não?"

"Todos nós temos nossas máquinas de tempo. Algumas nos levam de volta, elas são chamadas recordações. Algumas nos levam adiante, elas são chamadas sonhos." (Jeremy Irons)

Sabe aquela velha história de buscar seus sonhos e ser sincero? Aquela que ouvimos a vida toda? Então, pessoas em geral e a nossa família nos ensinam que devemos ser felizes e realizados, que a verdade é boa e compensa. Mas nada na (nossa) sociedade nos estimula nem ensina a fazer isso. Pelo contrário, diariamente somos colocados à beira do abismo por mostrarmos quem realmente somos e o que realmente sentimos.

Aliás, se o seu sonho é algo que vai te fazer feliz, mas que vai te deixar bem aquém daquele tradicional conceito de 'sucesso' (dinheiro+reconhecimento), todo o discurso de "vá atrás dos seus sonhos" cai por terra. A realidade seria algo mais assim: "será que você não tem outro sonho por aí, não? Esse é legal, mas, você sabe, né? Assim você nunca vai ser ninguém na vida".

E é assim, ouvindo a outra face do discurso, que abandonamos aquilo que pode nos fazer feliz para buscar o que é capaz de nos sustentar e às nossas necessidades. Confuso, sim. Mas o ponto é que sempre vai faltar algo, sempre vai haver um quê de frustração em nossos dias. Seremos felizes? Verdadeiramente felizes?

Essa história toda que constroem na nossa cabeça pode se tornar ainda pior. Somos levados a acreditar que é aquele conjunto todo de fatores que nos faz feliz (não que eles não contribuam para a nossa felicidade), de tal modo que, se perdemos um deles, sentimo-nos como as pessoas mais miseráveis do mundo. Como se, na verdade, aquilo mudasse quem você realmente é.

O ser humano é um querer constante, mas às vezes parece que nos falta coragem. Temos medo. Medo de falhar, de largar o certo pelo duvidoso, ainda que o incerto seja um milhão de vezes mais satisfatório. E, sobretudo, temos medo de decepcionar àqueles que constroem planos e ilusão sobre nós.

Dominados por esse medo, passamos a buscar algo que a sociedade considera ideal. Destinamos nossos dias e nossa vida a isso; e, então, a falta de coragem não importa mais. Porque o cotidiano, a certeza da mesmice, nos conforta. A vida mediocre pode não nos satisfazer por completo, mas também não nos incomoda.

Não estou dizendo que não há pessoas que escolheram tudo aquilo e são realmente felizes. Há sim, inúmeras. Só digo que devemos escolher o caminho que nós acreditamos que nos fará felizes, e não um que outras pessoas escolheram para nós.

Todos temos sonhos, mesmo que não queiramos admitir para os outros ou para nós mesmos. O mundo seria um lugar melhor se todas as pessoas tivessem a chance de acreditar que seus sonhos se tornarão realidade. Um ser humano que não tem nenhum sonho para si, para seu futuro, é um ser humano capaz de fazer as piores coisas, pois não há nada no amanhã que ele tema perder.

É por isso que vivemos em um mundo no qual as pessoas matam umas às outras, drogam-se e fazem coisas que nunca imaginaram fazer consigo mesmas. É tudo uma tentativa vergonhosa de preencher o vazio que sentem. Preenchê-lo com qualquer sentimento. Com qualquer coisa, material ou não. A natureza tem aversão ao vazio, e à medida em que a ocupamos e encontramos um (dito) bom lugar na sociedade, somos desocupados de nós mesmos. Nos desocupamos de nossos sonhos.

Até quando seguiremos ignorando que não só de pão vive o homem?

***
"Uma das calamidades da vida é sonhar apenas quando estivermos dormindo... O homem mais pobre não é o homem sem dinheiro: é o homem sem sonhos." (Max L. Forman)

domingo, 8 de novembro de 2009

A verdade nua e crua


O filme, como toda comédia romântica, tem um “que” de previsibilidade que está presente desde o começo, quando Abby (Katherine Heigl) e Mike (Gerrard Butler) entram em contato pela primeira vez.

Ela é a produtora de uma emissora de televisão, uma workaholic controladora que, enquanto não está pensando em uma maneira de fazer o ibope da emissora subir, tenta encontrar o cara perfeito, aquele que contenha o maior número possível de requisitos da sua lista. Sim, uma romântica em busca do príncipe encantado.

Ele é um típico machista conquistador que afirma que os homens só pensam em uma coisa: sexo. E mais: apresenta um programa voltado para a propagação dessa verdade nua e crua (e das outras que vem junto com ela).

Como se pode perceber, o roteiro do filme gira, de certa forma, em torno da antiga “guerra entre sexos” e os dois personagens principais são estereotipados, os extremos de cada lado. Clichê? Com certeza.

Li várias críticas negativas sobre o filme, exatamente por tratar de um assunto clichê e do roteiro ser previsível. Ora, é claro que o filme não tem uma profundidade moral (e nem acho que se possa esperar que tenha), mas atende bem ao gênero de comédia romântica e, afora a tradução (as legendas eram muito mais pesadas que o diálogo original), não deixa nada a desejar. Pelo contrário, é melhor do que muitas outras comédias românticas que existem por aí.

Enfim, o resultado, como já disse, pode ser totalmente antecipado pelo público, mas ainda assim vale a pena conferir. As piadas, as cenas e as situações, apesar dos pesares, conseguem arrancar boas risadas do espectador.

domingo, 1 de novembro de 2009


Um texto para o domingo ficar ainda melhor...

45 Lições para a vida


ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS - Ohio/ E.U.A.
Para celebrar o envelhecer, 45 lições que a vida lhe ensinou:


1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.

3. A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém.

4. Seu trabalho não vai cuidar de você quando você adoecer. Seus amigos e seus pais vão. Mantenha contato.

5. Pague suas faturas de cartão de crédito todo mês.

6. Você não tem que vencer todo argumento. Concorde para discordar.

7. Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.

8. Está tudo bem em ficar bravo com Deus. Ele agüenta.

9. Poupe para a aposentadoria, começando com seu primeiro salário.

10. Quando se trata de chocolate, resistência é em vão.

11. Sele a paz com seu passado, para que ele não estrague seu presente.

12. Está tudo bem em seus filhos te verem chorar.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que se trata a jornada deles.

14. Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, Deus nunca pisca.

16. Respire bem fundo. Isso acalma a mente.

17. Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso.

18. O que não te mata, realmente te torna mais forte.

19. Nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz. Mas a segunda só depende de você e mais ninguém.

20. Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite "não" como resposta.

21. Acenda velas, coloque os lençóis bonitos, use a lingerie elegante. Não guarde para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Se prepare bastante; depois, se deixe levar pela maré...

23. Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém é responsável pela sua felicidade, além de você.

26. Encare cada "chamado" desastre com essas palavras: Em cinco anos, vai importar?

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todos.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo.

31. Indepedentemente de a situação ser boa ou ruim, irá mudar.

32. Não se leve tão a sério. Ninguém mais leva...

33. Acredite em milagres.

34. Deus te ama por causa de quem Ele é, não pelo que vc fez ou deixou de fazer.

35. Não faça auditoria de sua vida. Apareça e faça o melhor dela agora.

36. Envelhecer é melhor do que morrer jovem.

37. Seus filhos só têm uma infância.

38. Tudo o que realmente importa, no final, é que você amou.

39. Vá para a rua todo dia. Milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta.

41. Inveja é perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor está por vir.

43. Não importa como você se sinta, levante, se vista e apareça.

44. Produza.

45. A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Direitos desconhecidos são direitos que jamais serão exigidos


Outro dia, em uma palestra sobre os 20 anos da Constituição Mineira, a ministra Carmen Lúcia disse uma frase mais ou menos como essa aí de cima. Foi quando comecei a pensar sobre quantos dos nossos direitos nós desconhecemos, quantos deles nunca conheceremos e, o que talvez seja pior, quantos até conhecemos, mas não exigimos.

Aqui estão, então, alguns direitos que podem ser úteis no cotidiano:

* Multas de trânsito:

Se você receber uma multa por infração leve ou média (ex.: art. 181 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB), e não tiver sido multado pelo mesmo motivo nos últimos 12 meses, pode ir ao DETRAN (dentro do prazo para recorrer da multa) e requerer que a sua multa seja convertida em advertência por escrito (art. 267 do CTB). Você ainda vai perder os pontos na carteira, mas pelo menos não vai ter que pagar nada.

* Consumo:

- Quando comprar/contratar um produto/serviço fora do estabelecimento (ex: internet), você tem 7 dias, contados da data da assinatura do contrato ou do recebimento do produto, para arrepender-se e ter seu dinheiro de volta (art. 49 do CDC).

- Se você comprou o produto na loja X, é ela que tem que enviá-lo para a assistência técnica, por ex., e não você. O fornecedor não pode dificultar as coisas para o consumidor.

Para saber mais direitos de consumidor, clique aqui.

* Nas casas noturnas...

- A cobrança de uma “multa” (geralmente altíssima) em caso de perda da comanda é abusiva (art. 39, V, do CDC). Ademais, é dever do estabelecimento manter registro do que foi consumido por cada cliente.

- A “consumação mínima” também é considerada ilegal pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, pois condiciona a entrada do consumidor no recinto a, no mínimo, aquele valor. Vale conferir o art. 39, I, do CDC. Mais sobre isso, clique aqui.

* Aluguel de imóveis:

Quando o contrato de locação tiver prazo determinado (ex.: 18 meses), o locador não pode exigir o imóvel de volta antes do fim de tal prazo (isso, claro, se o locatário cumpre seus deveres). Ainda que exista uma cláusula no contrato que permita isso (como geralmente existe), ela é ilegal, pois fere o art. 4º da Lei 8.245/91.


Como já disse acima, às vezes não exigimos nossos direitos porque não os conhecemos, mas tantas outras vezes eles são conhecidos e, mesmo assim, nada fazemos a respeito, não os reinvidicamos por pensar que não vale a pena, ou por simples descrença, seja na honestidade das pessoas, seja no Judiciário do nosso País.

Há, ainda, outro motivo pelo qual costumamos nos calar, mesmo sabendo que estamos certos e que podemos cobrar que aquilo nos seja dado/ garantido/ feito: o medo (às vezes não é o medo,é a certeza mesmo) de que seremos ridicularizados, mal-falados, taxados de chatos, implicantes e tantos outros adjetivos pejorativos. Talvez esse seja o mais forte dos motivos, e, sinceramente, isso é horrível.

Um exemplo típico disso: todos sabemos que temos direito ao troco CERTO. Se o produto custa R$15,00 e você paga R$20,00, vai querer seus cinco reais de troco.

Então, se outro custa R$9,98 e você paga R$10,00, tudo bem se os dois centavos (dois míseros centavos, alguns devem estar pensando) ficarem para a loja? O mesmo direito que está presente naquele caso, está nesse. É claro que cinco reais são diferentes de um (ou dois) centavo(s), mas a questão não é essa, nem é sobre ser ou não "mão de vaca". A questão é que se o produto, na prateleira, custa R$9,98, porque no caixa ele passa a custar R$10,00? Se a loja não tem troco, que coloque o real preço dos produtos nas etiquetas, ou, no caixa, arredonde o valor para baixo, e não para cima (isso é enriquecimento sem causa!). A situação seria menos pior se, na hora de pagar, o atendente informasse ao cliente que estão sem troco, mas nem isso. Simplesmente fingem que nada devem e, se o cliente (depois de pensar duas vezes) reclama pelo troco, fazem cara feia e agem com má-vontade.

Parece que nós nos acostumamos tanto a não reclamar e reinvidicar que, não só não fazemos nada, como também criticamos duramente os que fazem.

No começo são coisas pequenas (por ex., os alunos não pedem ao professor que sempre falta que reponha suas aulas e o aluno que pede é chato), mas quando nos acostumamos a não ligar para pequenos desrespeitos, começamos, sem perceber, a nos acostumar com atos cada vez mais desrespeitosos. E isso vale não só para nossos direitos, vale para tudo.

Posso estar enganada, mas assim como não tenho visto quase ninguém confrontando uma decisão/atitude da qual discorda e que sabe não ser certa, também não tenho visto muitas pessoas cobrando do governo uma explicação sobre tantos escândalos, corrupções, mensalões... Ninguém cobrando dos políticos que ajam com decência e respeito ao povo que teoricamente representam.

Parece que ao longo do tempo aprendemos a deixar por aí, em cada esquina da vida, um pouquinho das garantias que a nossa tão falada cidadania nos oferece.