terça-feira, 29 de junho de 2010

Amor ou consequência


Muito mais do que o título em português ou até mesmo que o título original (Jeux d'enfants), o título inglês caiu como uma luva: Love me if you dare.

Sophie (Marion Cotillard, quando adulta) é uma menina de oito anos, solitária e rejeitada na escola por ser polaca. Julien (Guillaume Canet, quando adulto) também é um garoto solitário, não por sua origem, mas por sua timidez.

A vida dos dois muda quando Julien, querendo alegrar Sophie, oferece a ela sua caixinha de música, mas pergunta à garota se ela poderia emprestar-lhe a caixinha eventualmente. Ela, então, desafia-o: "Cape ou pas cape?". Ousas ou não? Começa, assim, o jogo: quem detém a pequena caixa lança ao outro um desafio, que cumprindo-o, terá a caixa para si e lançará, por sua vez, um desafio em retorno.

O jogo, de início, era uma maneira de esquecerem os problemas em casa, a vida não tão feliz que levavam. Mas o tempo passa e o jogo continua, com desafios cada vez maiores e mais maldosos: tornara-se uma maneira (não muito boa) de lidar com o que sentiam um pelo outro.

Não foram necessários nem quinze minutos de filme para que eu concluísse: “esse filme me lembra Amélie Poulain”: o mesmo estilo de coloração (meio apagadas, se entendem o que quero dizer), o narrador que nos conta a história enquanto inúmeras imagens invadem nossa vista...

Mas Amélie é a história de um amor, um amor suave, delicado, que cresce nos protagonistas na mesma medida em que eles aprendem a lidar com ele. Aqui não. Amor ou consequência é um amor louco, uma paixão desenfreada, que faz com que os protagonistas, não sabendo como lidar com ela, desafiem-se, afastem-se um do outro, provoquem-se e magoem a si próprios e aqueles que os cercam.

Apesar de não ter gostado muito do final (confesso que eu esperava e queria algo mais óbvio), e quase de ter morrido de raiva em vááárias cenas, recomendo o filme, com destaque para a atuação de Marion Cotillard, sempre cativante.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Você já twittou hoje?


Tenho certeza que grande parte de vocês (quem sabe até todos) já twittaram alguma coisa hoje. E aí, estou certa ou errada?


Se postar algo no twitter é tão fácil, por que não usar isso para mobilizar a população e tentar influenciar um pouco na política do País?


Com esse objetivo eu e um grupo de amigos começamos a twittar a seguinte frase:


@aldorebelo #codigoflorestal Que papelão, hein, Aldo? Ajudando a destruir nossas florestas!


Por quê? É o seguinte: no começo desse mês o deputado federal Aldo Rebelo apresentou ao Congresso um projeto de alteração no nosso Código Florestal. As propostas são surreais, como:

- Anistiar quem cometeu crime ambiental nos últimos 50 anos;

- Reduzir as áreas de reserva legal;

- Passar para cada Estado a competência de legislar sobre matéria ambiental;


De onde vieram essas, tem outras igualmente ruins (leia mais aqui). Nós somos contra essas mudanças. O nosso Código precisa de reformas? Sim, mas nós precisamos também de um meio-ambiente sadio, de nossas florestas preservadas. Até porque esse discurso de que não dá para um país se desenvolver e crescer sem destruir a natureza é coisa do passado.


Se você também concorda com isso, poste essa frase no seu twitter e divulgue ao seus amigos!


@aldorebelo #codigoflorestal Que papelão, hein, Aldo? Ajudando a destruir nossas florestas!


A idéia é mostrarmos ao Aldo e outros políticos que nós, cidadãos brasileiros, não queremos essas mudanças e se eles estão lá para nos representar, nossa opinião tem que valer algo!

terça-feira, 15 de junho de 2010

O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brönte


(depois de muito tempo, cá estou eu novamente)

Posso dizer, sem nenhuma dúvida, que este livro foi uma grande decepção para mim. Não que não valha a pena lê-lo, vale sim, até por ser um clássico da literatura inglesa (que eu amo) e tudo o mais.

O que aconteceu é que, apesar de já ter visto o filme, eu busquei o livro confiante de que encontraria nele uma história de amor (ainda que com um final não feliz), mas, ao invés disso, deparei-me com a história de uma vingança doentia.

Além disso, eu havia lido TANTOS comentários positivíssimos sobre a obra que fui lê-la com muita expectativa - o que, convenhamos, nunca dá certo. (Na verdade, eu realmente vi tantas pessoas falando tão bem do livro que fiquei até me sentindo meio "et" por não ter gostado dessa forma... Penso mesmo em relê-lo daqui a algum tempo para ver se tenho outra percepção...).

Mas, vamos à história:

A trama se inicia quando o sr. Earnshaw (que habitava o Morro dos Ventos Uivantes com sua família) traz consigo, após uma viagem, um pequeno órfão, que vem a ser chamado de Heathcliff. Enquanto Catherine, filha do sr. Earnshaw, desenvolve grande carinho por Heathcliff; Hindley, irmão dela, passa a odiá-lo, pois o pai preferia o órfão a ele, que era seu “filho de verdade”.

Tempos depois, com a morte do pai, Hindley tem a oportunidade de descontar todo seu ódio em Heathcliff, transformando-o em empregado da casa e humilhando-o das mais diversas formas.

Tudo isso faz com que Cathy decida se casar com Edgar Linton, um vizinho que habitava a Granja dos Tordos, mesmo amando (e sendo amada por) Heathcliff.

Heathcliff, descobrindo os motivos pelos quais fora preterido pela amada, foge, retornando anos depois, com melhores modos, aparência e uma enorme fortuna.

Ele procura Catherine, que evidentemente ainda o ama, mas que se recusa a deixar o marido. Buscando vingar-se de Linton, Heathcliff se casa com a irmã dele, Isabella, com o único

propósito de torná-la uma criatura extremamente infeliz e de, quem sabe, vir a herdar a fortuna de Linton (pois se ele não tivesse filhos homens sua fortuna iria para a irmã).

A vida de Catherine termina com o nascimento de sua filha, que recebe seu nome.

Mas, não pensem que a história termina por aí: pelo contrário, nesse ponto chegamos à metade do livro. A outra metade trata dos ardilosos e cruéis planos de Heathcliff, que, dominado por uma sede de vingança insaciável, vinga-se de tudo e de todos, sendo que as maiores maldades recaem sobre os descendentes dos envolvidos: Cathy (filha de Catherine e Linton), Hareton (filho de Hindley) e em seu próprio filho, Linton (nome que lhe fora dado pela mãe, Isabella).

A história é narrada por Ellen Dean (governanta da Granja dos Tordos - na Inglaterra), que foi testemunha ocular de quase todos os fatos, ao sr. Locwood, inquilino do referido local.

O final? Fica por conta de vocês descobrir ; ]

Extendendo-me um pouco mais, vou falar um pouco sobre o filme:

Eu assisti a versão de 1992, com o Ralph Fiennes e a Juliette Binoche. O filme é belo, mas também decepcionante: a tentativa de simplificar muito algumas coisas acabou por deixá-las mal explicadas ou até mesmo sem qualquer explicação, dando a impressão de que algumas coisas estavam “soltas” na trama.

Após ler o livro, fiquei também decepcionada com a caracterização dos personagens no filme. Explico: o sr. Linton é descrito no livro com um homem sábio, de bom caráter e grande coração. No filme fizeram-no um bobão, que mal era capaz de expressar suas opiniões e, muito menos, de defender seus pontos de vista.

Agora, o que me deixou mais encucada foram os atores escolhidos para o papel de Heathcliff (não que não sejam bons): o filme possui ao menos quatro adaptações para o cinema e em todas elas o Heathcilff é branco, apesar de várias serem as passagens do livro que mencionam que era negro, ou, ao menos, tinha a pele bem escura (“era um cigano de pele escura” - fls. 7; “...de ser negro...” fls.34). Alguém me explica? Os outros personagens apresentam-se, ao menos fisicamente, semelhantes aos descritos no livro.

(E já que hoje eu estou crítica, alguém me explica também o Ralph Fiennes e a Juliette Binoche fazendo papel de adolescentes de 14, 15 anos?)

Enfim, em síntese:

Como eu já disse, vale a pena ler o livro, que é bom, tem alguns diálogos realmente belos e uma narrativa muito envolvente até certo ponto, a partir do qual torna-se um pouco cansativo. Na verdade, acho que a história se tornou cansativa para mim porque, a partir de um ponto, não vi mais propósito algum nas atitudes de Heathcliff.

Acho que a história poderia ter se voltado mais para Catherine (mãe) e Heathcliff (e isso talvez nos ajudasse a perceber algum significado nas atitudes dele após a morte dela), pois o que em tese era a trama principal tornou-se um pano de fundo para as vinganças desmedidas de um homem louco (pois, apesar de ter lido que o livro fala sobre “um amor que destruiu a todos que o tocaram”, não acredito que nenhum amor seria capaz de motivar o que Heathcliff faz).

Por fim, um trechinho para vocês:

“Pois o que eu digo agora, vou repetir até que minha língua paralise: Catherine Earnshaw, enquanto eu viver não descansarás em paz! Disseste que te matei. Pois então assombra-me a existência! Os assassinados costumam assombrar a vida dos seus assassinos, e eu tenho certeza de que os espíritos andam pela terra. Toma a forma que quiseres, mas vem para junto de mim e me enlouquece! Não me deixes só neste abismo onde não te encontro! Oh, Meu Deus! Como posso eu viver sem a minha vida? Como posso eu viver sem a minha alma?”