segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Uma adulta bem infantil - Rani Ghazzaoui

"E olhando em volta de mim eu tenho que dizer que não poderia ser melhor. De todos os perrengues, de todas as lutas — internas e externas –, de todos os corações partidos e vontades agudas depositadas em caixinhas com fita de cetim; eu acabei por sair ilesa. Acabei me tornando alguém muito mais cética, mas ao mesmo tempo mais pé no chão e bem mais madura.

Eu descobri, de verdade, que a vida feita de 'se' não era a vida que ia me fazer feliz. Descobri que muitas pessoas chegam, mas que a maioria delas vai embora e não há muito o que se fazer a não ser dizer adeus. Descobri que não há bem maior do que o amor, principalmente o próprio. Descobri que ninguém, nunca, vai ser altruísta a ponto de deixar de ser feliz para que você seja feliz, e que ser feliz é muito relativo; portanto as pessoas que mostram ser felizes demais e o tempo todo são, na verdade, as mais tristes de todas.

Aos vinte a madrugada já perdeu um pouco a graça e começou a dar uma vontadezinha besta de aproveitar mais o dia. Aos vinte a criança foi embora e veio chegando um sentimento meio tia. Aos vinte se festa, se estuda, se trabalha — tudo isso sem tanta disposição e inocência, mas com muito mais glamour. Eu que fui uma criança prodígio em muitos aspectos fico muito feliz de saber que cheguei aos vinte sendo, em muitos momentos, uma adulta bem infantil.

A vida passa cheia de coisas na nossa frente e a gente cresce achando que a felicidade é um plano longínquo e futurista, quando na verdade a graça toda da história é a felicidade ser fugaz.

E eu cheguei aos vinte assim, toda cheia de tristeza quando me coube sofrer, mas transbordando de alegria quando o negócio era ser feliz..”

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yalom


"Talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. Gênio é quando um atirador atinge um alvo que os outros não vêem." (Schopenhauer)


Julius Hertzfeld, um terapeuta de renome, é surpreendido com o diagnóstico de um melanoma, um câncer maligno que reduz seu tempo de vida e o leva a fazer um balanço de tudo o que viveu e de seu trabalho: terá ele realmente feito alguma diferença na vida das pessoas? Guiado por essa indagação Julius procura um antigo paciente, Philip Slate, seu maior fracasso, para saber como ele estava descobrir se, quem sabe, após tantos anos o tratamento surtira algum efeito.

Para sua surpresa, Julius encontra Slate bem e curado, não por ele, mas pela filosofia de Artur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX.

A narrativa se desenvolve de maneira tal que Philip acaba integrando o grupo de terapia dirigido por Julius. A partir disso passamos a conhecer a realidade de cada integrante do grupo, seus medos, fraquezas e alegrias.

A cada capítulo que dá sequência à narrativa da terapia em grupo, segue-se um sobre a vida e a obra de Schopenhauer, pano de fundo da história principal. Ademais, ao início de cada capítulo há um aforismo de Schopenhauer, que demonstra de forma inequívoca seus princípios. É uma interessante forma de familiarizar o leitor com os ideais do filósofo e despertar uma maior curiosidade acerca de seus (polêmicos) pensamentos.

Neste romance de Irvin D. Yalom (autor de Quando Nietzsche chorou) somos levamos a refletir sobre questões morais e existenciais e colocados frente a frente com o doloroso processo de autoconhecimento pelo qual todos nós passamos (ou temos que passar) algum dia. Tudo isso perpassado (e acentuado) pela filosofia de Schopenhauer. Poderia ter sido muito para um livro só, mas a maneira como foi escrito faz com que não tenhamos vontade de parar de ler.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Será que você não tem outro sonho por aí, não?"

"Todos nós temos nossas máquinas de tempo. Algumas nos levam de volta, elas são chamadas recordações. Algumas nos levam adiante, elas são chamadas sonhos." (Jeremy Irons)

Sabe aquela velha história de buscar seus sonhos e ser sincero? Aquela que ouvimos a vida toda? Então, pessoas em geral e a nossa família nos ensinam que devemos ser felizes e realizados, que a verdade é boa e compensa. Mas nada na (nossa) sociedade nos estimula nem ensina a fazer isso. Pelo contrário, diariamente somos colocados à beira do abismo por mostrarmos quem realmente somos e o que realmente sentimos.

Aliás, se o seu sonho é algo que vai te fazer feliz, mas que vai te deixar bem aquém daquele tradicional conceito de 'sucesso' (dinheiro+reconhecimento), todo o discurso de "vá atrás dos seus sonhos" cai por terra. A realidade seria algo mais assim: "será que você não tem outro sonho por aí, não? Esse é legal, mas, você sabe, né? Assim você nunca vai ser ninguém na vida".

E é assim, ouvindo a outra face do discurso, que abandonamos aquilo que pode nos fazer feliz para buscar o que é capaz de nos sustentar e às nossas necessidades. Confuso, sim. Mas o ponto é que sempre vai faltar algo, sempre vai haver um quê de frustração em nossos dias. Seremos felizes? Verdadeiramente felizes?

Essa história toda que constroem na nossa cabeça pode se tornar ainda pior. Somos levados a acreditar que é aquele conjunto todo de fatores que nos faz feliz (não que eles não contribuam para a nossa felicidade), de tal modo que, se perdemos um deles, sentimo-nos como as pessoas mais miseráveis do mundo. Como se, na verdade, aquilo mudasse quem você realmente é.

O ser humano é um querer constante, mas às vezes parece que nos falta coragem. Temos medo. Medo de falhar, de largar o certo pelo duvidoso, ainda que o incerto seja um milhão de vezes mais satisfatório. E, sobretudo, temos medo de decepcionar àqueles que constroem planos e ilusão sobre nós.

Dominados por esse medo, passamos a buscar algo que a sociedade considera ideal. Destinamos nossos dias e nossa vida a isso; e, então, a falta de coragem não importa mais. Porque o cotidiano, a certeza da mesmice, nos conforta. A vida mediocre pode não nos satisfazer por completo, mas também não nos incomoda.

Não estou dizendo que não há pessoas que escolheram tudo aquilo e são realmente felizes. Há sim, inúmeras. Só digo que devemos escolher o caminho que nós acreditamos que nos fará felizes, e não um que outras pessoas escolheram para nós.

Todos temos sonhos, mesmo que não queiramos admitir para os outros ou para nós mesmos. O mundo seria um lugar melhor se todas as pessoas tivessem a chance de acreditar que seus sonhos se tornarão realidade. Um ser humano que não tem nenhum sonho para si, para seu futuro, é um ser humano capaz de fazer as piores coisas, pois não há nada no amanhã que ele tema perder.

É por isso que vivemos em um mundo no qual as pessoas matam umas às outras, drogam-se e fazem coisas que nunca imaginaram fazer consigo mesmas. É tudo uma tentativa vergonhosa de preencher o vazio que sentem. Preenchê-lo com qualquer sentimento. Com qualquer coisa, material ou não. A natureza tem aversão ao vazio, e à medida em que a ocupamos e encontramos um (dito) bom lugar na sociedade, somos desocupados de nós mesmos. Nos desocupamos de nossos sonhos.

Até quando seguiremos ignorando que não só de pão vive o homem?

***
"Uma das calamidades da vida é sonhar apenas quando estivermos dormindo... O homem mais pobre não é o homem sem dinheiro: é o homem sem sonhos." (Max L. Forman)

domingo, 8 de novembro de 2009

A verdade nua e crua


O filme, como toda comédia romântica, tem um “que” de previsibilidade que está presente desde o começo, quando Abby (Katherine Heigl) e Mike (Gerrard Butler) entram em contato pela primeira vez.

Ela é a produtora de uma emissora de televisão, uma workaholic controladora que, enquanto não está pensando em uma maneira de fazer o ibope da emissora subir, tenta encontrar o cara perfeito, aquele que contenha o maior número possível de requisitos da sua lista. Sim, uma romântica em busca do príncipe encantado.

Ele é um típico machista conquistador que afirma que os homens só pensam em uma coisa: sexo. E mais: apresenta um programa voltado para a propagação dessa verdade nua e crua (e das outras que vem junto com ela).

Como se pode perceber, o roteiro do filme gira, de certa forma, em torno da antiga “guerra entre sexos” e os dois personagens principais são estereotipados, os extremos de cada lado. Clichê? Com certeza.

Li várias críticas negativas sobre o filme, exatamente por tratar de um assunto clichê e do roteiro ser previsível. Ora, é claro que o filme não tem uma profundidade moral (e nem acho que se possa esperar que tenha), mas atende bem ao gênero de comédia romântica e, afora a tradução (as legendas eram muito mais pesadas que o diálogo original), não deixa nada a desejar. Pelo contrário, é melhor do que muitas outras comédias românticas que existem por aí.

Enfim, o resultado, como já disse, pode ser totalmente antecipado pelo público, mas ainda assim vale a pena conferir. As piadas, as cenas e as situações, apesar dos pesares, conseguem arrancar boas risadas do espectador.

domingo, 1 de novembro de 2009


Um texto para o domingo ficar ainda melhor...

45 Lições para a vida


ESCRITO POR REGINA BRETT, 90 ANOS - Ohio/ E.U.A.
Para celebrar o envelhecer, 45 lições que a vida lhe ensinou:


1. A vida não é justa, mas ainda é boa.

2. Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.

3. A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém.

4. Seu trabalho não vai cuidar de você quando você adoecer. Seus amigos e seus pais vão. Mantenha contato.

5. Pague suas faturas de cartão de crédito todo mês.

6. Você não tem que vencer todo argumento. Concorde para discordar.

7. Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.

8. Está tudo bem em ficar bravo com Deus. Ele agüenta.

9. Poupe para a aposentadoria, começando com seu primeiro salário.

10. Quando se trata de chocolate, resistência é em vão.

11. Sele a paz com seu passado, para que ele não estrague seu presente.

12. Está tudo bem em seus filhos te verem chorar.

13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que se trata a jornada deles.

14. Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele.

15. Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, Deus nunca pisca.

16. Respire bem fundo. Isso acalma a mente.

17. Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso.

18. O que não te mata, realmente te torna mais forte.

19. Nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz. Mas a segunda só depende de você e mais ninguém.

20. Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite "não" como resposta.

21. Acenda velas, coloque os lençóis bonitos, use a lingerie elegante. Não guarde para uma ocasião especial. Hoje é especial.

22. Se prepare bastante; depois, se deixe levar pela maré...

23. Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo.

24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.

25. Ninguém é responsável pela sua felicidade, além de você.

26. Encare cada "chamado" desastre com essas palavras: Em cinco anos, vai importar?

27. Sempre escolha a vida.

28. Perdoe tudo de todos.

29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.

30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo.

31. Indepedentemente de a situação ser boa ou ruim, irá mudar.

32. Não se leve tão a sério. Ninguém mais leva...

33. Acredite em milagres.

34. Deus te ama por causa de quem Ele é, não pelo que vc fez ou deixou de fazer.

35. Não faça auditoria de sua vida. Apareça e faça o melhor dela agora.

36. Envelhecer é melhor do que morrer jovem.

37. Seus filhos só têm uma infância.

38. Tudo o que realmente importa, no final, é que você amou.

39. Vá para a rua todo dia. Milagres estão esperando em todos os lugares.

40. Se todos jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta.

41. Inveja é perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.

42. O melhor está por vir.

43. Não importa como você se sinta, levante, se vista e apareça.

44. Produza.

45. A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.