quinta-feira, 31 de maio de 2012

Há dias em que precisamos de inspiração



Não sei se já comentei em algum outro post (acho que não), mas há quase dois anos sou coordenadora do grupo de voluntários do Greenpeace em Belo Horizonte. Hoje, eu e a Nanda, coordenadora adjunta do grupo, fomos dar uma palestra no Colégio Magnum, unidade Cidade Nova, para o evento do Magnum Sustentável. O público era composto por mais ou menos cem alunos de diversas faixas etárias.

A palestra tinha como tema “Energias Limpas”. Tinha, isso mesmo, pois quando o palestrante antes de nós (Leo) começou a falar sobre sua jornada e experiência de vida e sobre como podemos, juntos, mudar a realidade que nos cerca, tive a certeza de que na noite de hoje poderíamos falar sobre várias coisas, mas não somente sobre Energias Limpas. 

Então quando chegou a hora e tive que começar a palestra, a mensagem inicial que consegui transmitir foi a de: ‘sinto muito, mas a palestra que havíamos planejado não vai poder ser realizada’. Porque há momentos em que o que importa são os detalhes técnicos sobre as diversas fontes alternativas de energia que temos, mas há também momentos em que esses detalhes são o de menos, e hoje, para a minha surpresa, foi um desses dias. 

Ao invés do que havia preparado, compartilhei com os alunos um pouco da experiência que adquiri ao longo dos seis anos de voluntariado que completo e no tempo em que fiquei a bordo do Rainbow Warrior, na Amazônia. Como em vários momentos de cansaço pensei em desistir da luta, mas que, no momento da decisão, sempre prevalecia em mim uma certeza, muito maior do que eu, de que um grupo de pessoas bem dispostas e unidas por um mesmo ideal é sim capaz de mudar o meio em que se encontram. E, porque não, mudar o mundo.

No muito que falei, tentei de todas as formas, mostrar aos alunos o quanto nossas ações podem impactar positivamente a vida de outras pessoas, ainda que muitas vezes esse impacto passe despercebido por nós. 

Não sei dizer se consegui cumprir meu objetivo, mas ao final dos 50 minutos, quando alguns alunos vieram falar comigo, me perguntar sobre a experiência de voluntariado, sobre fontes de energia e me pedir para “não parar nunca”, eu tive a certeza de que, na tentativa de, de alguma forma, inspirá-los a agir, saíra eu mesma mais inspirada do que estive em todo esse último mês desde que voltei do navio. Saí, também, com a convicção infinita de que enquanto houverem pessoas como aqueles alunos, toda a luta há de valer a pena e todo sonho há de ser realizado. Sempre.

sábado, 31 de março de 2012

Life on board!

Hoje se completam 10 dias que estou a bordo do Rainbow Warrior III, o novo navio do Greenpeace, inaugurado em outubro do ano passado e que está fazendo seu primeiro tour pelo Brasil.


Junto comigo estão outros dois voluntários brasileiros, o Vinil, do Rio de Janeiro, e a Leonor, de Manaus.


O navio, um veleiro, é maravilhoso e a sensação de chegar nele com as minhas coisas no dia 22, sabendo que ficaria a bordo durante três semanas, foi indescritível.


No dia 26 veio o frio na barriga quando, às 17h, saímos do porto de Manaus em direção à próxima parada: Santarém, onde estamos agora. Estar no navio durante esses quatro dias já estava sendo fantástico, mas somente quando começamos a velejar a ficha realmente caiu: o sonho de tantos anos estava se realizando.

O interessante de se observar dentro do navio é que tudo foi realmente pensado para os balanços da viagem, como as cadeiras que se prendem à mesa com espécies de elástico, os controles remotos (sim, no lounge temos uma televisão!) que se prendem ao móvel por velcro, os pratos, que ficam dentro de uma cavidade com molas nas laterais e na parte inferior, e várias outras coisas que eu vou contando para vocês aos poucos.


Apesar de não estarmos aqui oficialmente como crew (tripulação), mas sim como guests, participamos da rotina de trabalho dos tripulantes, ajudando na limpeza e em outras tarefas que surjam. A organização é muito grande e na parede temos um cronograma com algumas tarefas diárias (como limpar os banheiros, lavar toalhas e panos de prato, arrumar as áreas comuns, etc), que as pessoas se voluntariam para realizar.


Além dessas tarefas, há outro cronograma, no qual constam as pessoas que vão fazer o watch do dia, e em que horário. O watch consiste basicamente em, quando o navio está atracado, ficar na polpa, atento para caso apareçam (acreditem) barcos piratas. Quando estamos velejando, à tarefa de cima se soma a de ficar na proa, a procura de eventuais troncos ou objetos no mar/rio/oceano que possam danificar a hélice.


Durante meus primeiros dias a bordo fiquei na cozinha, como assistente da Wendy, a cozinheira, mas essa experiência conto para vocês na próxima vez, pois daqui a pouco o jantar será servido e eu ainda tenho que descansar um pouco: hoje, o watch das 03h às 07h é meu!